segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O homem precisa de Deus para ser Ele mesmo!

O Homem precisa de Deus para ser ele mesmo!

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“Qual é portanto a justiça de Cristo? É antes de mais a justiça que vem da graça, onde não é o homem que repara, que cura si mesmo e os outros. O fato de que a “expiação” se verifique no “sangue” de Jesus significa que não são os sacrifícios do homem a libertá-lo do peso das suas culpas, mas o gesto do amor de Deus que se abre até ao extremo, até fazer passar em si “a maldição” que toca ao homem, para lhe transmitir em troca a “bênção” que toca a Deus (cf. Gl 3, 13-14). Mas isto levanta imediatamente uma objeção: que justiça existe lá onde o justo morre pelo culpado e o culpado recebe em troca a bênção que toca ao justo? Desta maneira cada um não recebe o contrário do que é “seu”? Na realidade, aqui se manifesta a justiça divina, profundamente diferente da justiça humana. Deus pagou por nós no seu Filho o preço do resgate, um preço verdadeiramente exorbitante. Perante a justiça da Cruz o homem pode revoltar-se, porque ele põe em evidencia que o homem não é um ser autárquico, mas precisa de um Outro para ser plenamente si mesmo. Converter-se a Cristo, acreditar no Evangelho, no fundo significa precisamente isto: sair da ilusão da auto-suficiência para descobrir e aceitar a própria indigência – indigência dos outros e de Deus, exigência do seu perdão e da sua amizade.”

(Papa Bento XVI, Mensagem para a Quaresma de 2010, § 6-7; 30 de outubro de 2009)

A proposição do Papa para a quaresma desse ano explica a justiça cristã. O homem, que herda de Adão o pecado original (cf. Sl 51, 7) não pode salvar a si mesmo. Ele, por si mesmo, não pode ir para o Céu. Então, Deus se compadece do homem e manda à humanidade Seu Filho único para que possa redimi-la e purificá-la. Eis a justiça de Deus: Ele não se compraz em ver o sofrimento dos fracos; não se compraz na condenação daqueles que se esforçam para amar a Deus. Por isso, envia seu Filho, Jesus Cristo. Ele devolve aos homens a graça que o gênero humano havia perdido pela renúncia do bem.

O homem se vê indigente. Todos os cristãos clamam junto com o salmista: “Eis que eu nasci na culpa, e a minha mãe concebeu-se no pecado” (Sl 51, 7). Mas ao mesmo tempo louvam a Misericórdia de Deus, bem traduzida nos versos que entoamos no dia de Páscoa: “Ó pecado de Adão, indispensável, pois o Cristo o dissolve em seu amor. Ó culpa tão feliz que há merecido a Graça de um tão Grande Redentor!” O homem se apegou aos bens finitos e mutáveis, se apegou à realidade material, obstinando-se na prática do pecado e violando a Aliança que Deus havia firmado com seu povo. Mas, eis que surge o Filho do Homem. Ele realiza uma Nova Aliança, na qual o homem descobre a inutilidade do seu egoísmo e a insensatez daquela idéia de auto-suficiência.

Não. Nós, por nós mesmos, nada podemos fazer de bom. É preciso que o homem se apegue ao Bem eterno e imutável. Mas, como poderá ele, com seu coração ferido pela arrogância e pela prepotência, se achegar a Deus? Graças sejam dadas a Jesus Cristo, que inaugura a justiça cristã! O homem pode finalmente gozar da alegria de estar junto de Deus. Com Cristo, ao mesmo tempo, acontece o processo de libertação. Ele é a genuína Verdade e é conhecendo a Ela que poderemos nos libertar (cf. Jo 8, 32) do nosso egoísmo. Com efeito, o cristão põe no centro de sua vida Jesus, e não ele; porque sabe bem que não é seus méritos que alcança a salvação, mas unicamente pela graça de Deus. O cristão confessa dia após dia aquilo que São Paulo há muito dizia: “Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20). Não sou eu que me salvo; minha natureza é caída. Eu, por mim mesmo, não posso me levantar. É Cristo quem ergue o homem, devolvendo-lhe a graça, aquele bem precioso que tinha perdido no dia que havia desobedecido a Deus.

Eis a verdadeira justiça!, clama o Papa. Possamos ouvi-lo, possamos descobrir na Redenção uma fonte insondável de amor e misericórdia. Não lamentemos aquilo que já foi. Louvemos Aquele que é. “Onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5, 20).

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