sábado, 16 de janeiro de 2010

Era virtual: repercussões na educação dos filhos

Era Virtual: repercussões na educação dos filhos

Formação Humana

15-01-2010

Laura Martins

Missionária da Comunidade Católica Shalom

Estamos vivendo na era virtual. Quanta rapidez em adquirir informações! Quantas descobertas através da interatividade que liga o mundo todo entre si! Quanto lazer acessível a todos através da telinha do computador! Realmente é fantástica a evolução tecnológica do homem!

Porém, é importante que o ser humano domine a máquina e não que esta o domine! Parece uma frase feita, sem maiores repercussões. Mas não é bem assim...Vejamos!

Poderíamos comparar a internet com uma grande feira, ou um enorme Shopping Center, onde encontramos de tudo o que precisamos e também aquilo que nos poderia prejudicar...

Quando vamos às compras, precisamos refletir sobre o que realmente precisamos, sobre aquilo que nos é ofertado nas promoções e aquilo que é realmente importante e valioso e que devemos adquirir.

Nossos reais valores cristãos devem ser norteadores de nosso viver, a fim de não sermos como um barco à deriva nas águas do mundo... É preciso ter na mente e no coração, o sentido da nossa vida, a fim de navegarmos nesta direção e conquistarmos a felicidade e a realização como pessoas humanas.

Aquela felicidade que não se compra, ao contrário do que diz a mídia. Aquela felicidade que se constrói de dentro para fora, que nos realiza como seres humanos, criados para amar, servir, crescer e construir um mundo de paz e fraternidade.

Na internet encontramos valiosos tesouros da sabedoria, impressionantes e belíssimas imagens que realmente nos fazem contemplar a beleza dos seres humanos e da natureza criada por Deus!

No entanto, nela também encontramos o que poderíamos chamar de lixo da humanidade, ou seja, a expressão de nossas más inclinações que favorecem o abuso hedonista e egocêntrico dos falsos valores. Estes impulsionam o ser humano a práticas violentas de desrespeito ao outro, à sua dignidade de pessoa.

Não precisamos descer aos detalhes para citar tais “lixos” que às vezes são clicados ou aparecem como flashes a sugerir um click, pois toda pessoa, como ser racional, traz em si, a consciência que sinaliza os frutos (bons ou ruins) de suas escolhas a cada momento do seu cotidiano.

Como nossa família tem se relacionado com a “telinha” do computador?

Para sabermos, basta observar os comportamentos no cotidiano familiar:

– As horas passadas no computador (a recomendação dos estudiosos do comportamento humano são duas horas para crianças e adolescentes; para os adultos, com exceção dos que utilizam o computador como instrumento de trabalho, ou de estudo, deve ser de, no máximo, três horas);

– Qualidade daquilo que estamos acessando (sites que não firam os valores que você escolheu para orientar o seu viver e a sua família);

– Qualidade dos relacionamentos que estabelecemos no ambiente doméstico, ou seja, o convívio familiar onde existe diálogo, afeto, paciência, atenção cuidadosa com o outro, cumprimento das responsabilidades de cada um (trabalho, estudos, tarefas domésticas, etc.);

– A qualidade no desempenho de outras atividades importantes na vida, tais como: os estudos, a atividade física, o lazer em família, os relacionamentos sociais, as tarefas domésticas, entre outros;

Alguns sinais de alerta:

– Irritabilidade e agressividade excessivas sinalizam estresse e cansaço mental que também são favorecidos pelo sedentarismo, pelos jogos violentos de internet e o desgaste cognitivo inerente às muitas horas passadas diante da telinha;

– Fechamento e isolamento familiar;

– Indiferença e individualismo excessivos;

– Sedentarismo, com suas consequências, como: excesso de peso, preguiça, entre outros prejuízos à saúde.

– Fadiga, sentimentos depressivos, tais como: apatia, falta de motivação para os relacionamentos sociais, desmotivação para os estudos, desvalorização da própria vida, perda de sentido existencial, entre outros;

– Hedonismo (busca desmedida de prazer. Ex: comer excessivamente, vícios adquiridos na área da sexualidade, entre outros).

Alguns sábios afirmam, com propriedade, que tudo fora do equilíbrio, que é abusivo e excessivo, é prejudicial ao ser humano, uma vez que escasseia outras vivências necessárias ao bem estar e à felicidade da pessoa.

Alegrias autênticas e a realização plena são construídas na relação concreta com os nossos semelhantes. Para isso é necessário o convívio, pois é nele que cresce o conhecimento mútuo necessário ao crescimento como pessoa. A socionomia ensina que o indivíduo é ferido na relação e também é curado pelas relações. No convívio, ela aprende a amar, a se dar, a respeitar, a colocar-se no lugar do outro, a perdoar, a usufruir do afeto e do carinho, aprende também a solucionar conflitos, a se expressar, a dialogar, a enfrentar desafios.

Na internet temos o “poder” de fugir rapidamente daquilo que nos incomoda... Nela, temos a facilidade de fantasiar, de sair da realidade concreta, que muitas vezes, se apresenta desafiadora, e exige enfrentamento.

Os jogos violentos, e certas posturas de personagens fictícios, tais como: sarcasmo, humor negro, pessimismo, desvalorização da vida (já que se mata ou morre com tanta facilidade), vão gerando sutis comportamentos de desrespeito ao fraco, ao idoso, aos pais; rebeldia; insensibilidade em relação ao que é belo e bom e à transcendência.

As crianças e os adolescentes são os mais atingidos, uma vez que estão mais vulneráveis em vista de suas fases de desenvolvimento. É possível que estes, abusando dos jogos e das más influências da “telinha”, diante de uma situação limite (estresse emocional, por exemplo), reajam de forma extremamente negativa, prejudicando tragicamente a si, e aos semelhantes.

O Criador nos dotou de uma grande capacidade de mudar, de evoluir e construir sempre novas vivências que nos realizem e nos tragam alegrias autênticas! É preciso buscar com criatividade tais vivências para a nossa família e, para os filhos, dentro de suas necessidades específicas, oportunizando e até provocando a adesão a atividades mais saudáveis e prazerosas também.

“Arregacemos as mangas” para lançarmo-nos à busca da verdadeira felicidade e realização humanas. Sem esforço não chegaremos lá!

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